O Réquiem Tardio: escrito enquanto, ao soar da Dança das Facas, eu caminho para minha própria morte...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A ironia do menino cego

Vamos ao meu primeiro relato.


Estava indo para meu trabalho (sou estagiário na biblioteca pessoal de uma Doutora em História) quando vi a seguinte cena:


Um pai ensinando o filho cego a se guiar pelo som, batendo os pés no chão e chamando a criança. O pequeno devia ter seus 5 ou 6 anos e estava indo para o colégio.

Não devo ter ficado mais do que alguns segundos observando a cena; e três pensamentos me vieram a cabeça:

O primeiro seria admiração pelo empenho daquele pai em ensinar o filho. Podemos dizer que é a obrigação dele (será mesmo?), mas na nossa sociedade poucos agem com esse grau de empenho e animação.

O segundo pensamento é a ironia da situação. Provavelmente era quinta-feira (eu trabalho apenas nas terças, quintas e sábados), e com certeza, era próximo das 13h da tarde, porque é a hora que eu começo a trabalhar na biblioteca. Obviamente (nem sempre percebemos o óbvio) a avenida estava barulhenta, pois se trata da Vicente Machado (uma das principais avenidas da cidade), ao lado da “Igreja dos Polacos”. É o melhor e o pior lugar para se ensinar alguém a se guiar pelos ouvidos, exatamente pelo mesmo motivo. Pode ser extremamente difícil para a criança perceber de onde vem o som com a cacofonia de centro de cidade; ao mesmo tempo, é onde ele pode desenvolver melhor essa habilidade.

O terceiro tem relação com o blog. Por que o primeiro post do Observador Externo tem que ser sobre um menino cego?



obs: essa foto foi tirada hoje, e não no dia da referida cena; é só uma ilustração do local...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

External Beholder

Olá.

Criei esse blog para falar de uma das minhas inspirações confusas – a que dá nome ao blog.
Você pode traduzir, acho que sem maiores problemas, como Observador Externo.

Por que isso?

Porque é como eu me sinto às vezes. Há ocasiões - as quais estarei escrevendo aqui - que eu me sinto como alguém que olha de fora. O que impossível, pois ninguém está fora do seu tempo nem de seu espaço.

Mas quando olhamos para nós mesmos estamos fora de nós? Isso não me parece possível.

Essa observação deve-se, eu acho, ao estudo de teorias sociais (profissionalmente, serei historiador em alguns meses) e isso, com certeza, afetou minha visão de mundo. O que torna tudo muito mais confuso.

Também é provável que isso tenha originado uma opinião confusa que uma amiga minha tem sobre mim: estou dentro de uma caixinha cheia de coisas que eu mesmo criei...