O Réquiem Tardio: escrito enquanto, ao soar da Dança das Facas, eu caminho para minha própria morte...

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Complementação dos poemas


Só um garoto ruim



Só um garoto ruim
Luiz Ricardo Pauluk


Eu me sinto como um garoto
um garoto sombrio com seu guarda-chuva
Entre quatro das minhas próprias paredes
cheias de portas mal fechadas

Eu me sinto como um garoto mau
Olhando com maldade para você
Sem muito sentido no que faço
Muito menos como me visto

Na minha mão direita
Um pequeno cão triste
Embaixo do mesmo guarda-chuva
Sob o mesmo teto

Obviamente, para você,
só um garoto ruim
não tem muito sentido
Mesmo naquelas roupas pretas

"É só um garoto ruim!"
alguns diriam

Mas... olhe bem!

As vezes
Um olhar de maldade
Só reflete o que vê

Comentário póstumo: 01/12/08. Gosto muito desse. Até agora estou ofendido com o Fabaum por não ter gostado do final.

[sem nome]



Você pode sentir o sangue do pai gritando?
Você pode ouvir o filho não-chorando?
Você pode ver aquele beijando ninguém só a si mesmo?

Pode sentir o golpe cair e as almas subirem e chegarem ao inferno?

Existe a chance de ser diferente
se o profundo não fosse negro
Nadar contra a tempestade
não seria tão inútil

Pode sentir o golpe cair e as almas subirem e chegarem ao inferno?

Sente-se parte disso?
Sente o inferno ser lar
Um lar sem escape
Só culpa e sangue

Pode sentir o golpe cair e as almas subirem e chegarem ao inferno?
Sem escape...

Comentário póstumo: esse data de 07 de outubro de 2008.

Um não-renascer



Um não-renascer

Meus olhos simplesmente
não fecharam
naquela noite

Era fácil ver você
E sentir minha presença
Próxima a você

Você ali, sem eu poder te tocar
Com medo de te tocar
E com medo de você me tocar

Eu realmente te temo
E te temo porque te amo
E não te amo
Porque te temo

Não é fácil chegar a um final
Mesmo porque nunca terminará
E não verei meu coração gerar cinzas
E não-renascer para a escuridão

Comentário póstumo: 13/09/08

Nunca mais tão viva



Nunca mais tão viva
Luiz Ricardo Pauluk

Um nascer do Sol de inverno
Brilha por uma paisagem morta
Com árvores secas, sozinhas

Novos ramos iriam brotar
Por causa da luz
Mas algumas sementes
São tímidas demais para crescer

E outras velhas árvores
Não esperam mais o Sol:
Estão mortas, estão estéreis

As águas do lago
Já escureceram por falta
De qualquer luz

Não secaram totalmente
Pelo som de alguns
Pequenos pardais a cantar

E num sussurro de vento
Estagnada esta a vista
Nunca mais tão viva
Quanto fora um dia


Comentário póstumo: no arquivo consta a data de crianção em 06 de setembro de 2008. Não alterei nada.

"O tempo é fluido aqui"

A frase é do Neil Gaiman. Está no conto Os Outros, que foi uma das histórias que mais me chocou. Ela teve alguma significação para mim nesses tempos. O tempo parou de fazer sentido em alguns momentos.

Parece a hora perfeita para eu fazer algumas postagens de uma época mais sombria (muito mais sombria que a atual). É algum material de 2008, 2009 que eu resolvi dar a possibilidade de serem visualizados.

Continua no próximo post.