O Réquiem Tardio: escrito enquanto, ao soar da Dança das Facas, eu caminho para minha própria morte...

sábado, 21 de junho de 2014

A Era Siberiana

"Não esqueça nunca o conselho de Goethe: “O talento se aprimora na solidão, o caráter na agitação do mundo". " Goethe, citado por Olavo de Carvalho.

Sugestão de leitura: ouça essa belíssima obra enquanto lê.


 É chegada a hora da mudança dos tempos. Os Dias de Glória, ao menos é o que mostram todos os sinais (sinais que partem de mim para mim mesmo), finalmente chegaram ao fim. Os Dias de Glória, precedidos pelos Days Before The Fall, foi um tempo de mergulho profundo em mim mesmo, de grandes vitórias pessoais e mergulhos dolorosos no abismo da minha mente. Foram dias em que fortes batalhas foram travadas, dias de escolher as palavras para não ser esmagado pelo mundo, dias de quedas abruptas que nunca poderiam me destruir, mas mesmo assim o fizeram em outros tempos (O tempo é fluído aqui!). Foi o tempo e oportunidade do Grande Suicídio Simbólico, também precedido por centenas de pequenos suicídios cotidianos.

Os Dias de Glória só poderiam chegar ao fim porque nada de bom mais poderia sair deles e de seu modus operandi. Não importa o quão poéticas foram suas conquistas e o quanto profundas eram as feridas, constantemente lambidas na escuridão. As glórias e as chagas desses Dias pertencem à uma temporalidade específica, e permanecer nelas seria anacrônico - ou seja, o equivalente histórico para a esquizofrenia. Os Dias de Glória não pertencem mais a esse tempo.

Tudo que aconteceu nesses dias foi relatado por mim, mais de uma vez, para mais de uma pessoa. Todas elas, ou melhor, todos que vocês são leitores desse blog (e só o conhecem porque são íntimos meus o suficiente para que eu o compartilhe), meu réquiem atrasado e meu túmulo novo, ouviram os relatos, tanto dos Dias de Glória, quanto dos relatos que o precederam, mas o ouviram (e viveram) de forma parcial e fragmentada. Por isso, ninguém entenderá o que foram os Dias de Glória para mim e, consequentemente, o sentido do que escrevo aqui.

Como as cartas de suicídio, o External Beholder é meu testamento psíquico. Ele observa a mudança dos tempos, dos meus tempos. Por isso é justo celebrar a mudança aqui.

Não poderia ser diferente, e me retratarei caso as coisas se revelem contrárias. Para mim, os sinais estão claros. Minha vida entrou na Era Siberiana.

Eu falei dela para alguns. E para alguém eu já havia nomeado esses dias que se seguirão. Mas é verdade que para mim, e apenas para mim, faz sentido nomear os dias que se seguem.

Essa Era deve se tornar gelada, como nos insinua seu nome. Um tempo solitário - sempre, uma solidão tão simbólica como meus suicídios de cada dia - em que, como Goethe aconselha, deve servir para construir aquilo que me resta de meus talentos. É uma solidão verdadeiramente íntima. Assim como os Dias de Glória, a Era Siberiana foi marcada por um dia de um importante Suicídio Simbólico, o qual muitos viram e ninguém provavelmente teve ideia que era disso que se tratava.

A Era Siberiana deve ser uma época de silêncio contemplativo. Um tempo místico, certamente, e sobretudo, um tempo eremítico. Uma época - como acredito que coincidência é do Deus dos tolos - em livros importantes serão livros (cumprindo uma promessa) e, consequentemente, textos marcantes serão escritos. Se tudo correr como as coisas se anunciam, será um tempo artístico, tão prolixo e fecundo como o Ano Sombrio de 2008 e, espero, muito mais virtuoso.

Agora, que os ventos solitários soprem e o silêncio musical, orquestral até, impere sobre a  gelada Era Siberiana.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Um aviso de ordem prática:

Ignorem, caros leitores, os post de 2010. Eles não pertencem mais a esse tempo. Estão expostos aqui como peças num museu, tombados como patrimônio histórico.
Esse blog é - provavelmente, não-permanentemente - sobre 2008.

sábado, 14 de junho de 2014

Suicídio Simbólico I

"O suicídio levou muitos. A bebida e o demônio cuidaram dos demais."

Fonte: Waking Life, uma animação de 2001 indicada por uma amiga.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Fantasmas de meu passado

Fantasmas do meu passado
Ainda atormentais minha
assombrada alma?
O que faço para
deixares minha mente?
Deixem-me em paz!

Fantasmas do meu passado
Sepulto-os  em cova profunda, fria e escura
Por que teimais em
retornar-me à escuridão?
Deixem-me em paz!

Fantasmas do meu passado
Roubais meu sono
Apareceis em todos os
meus olhares.
Ides embora!

Fantasmas do meu passado
Ainda estais aqui?
Nada liga-me à voz
Queimei tudo o que nos unia
Deixem-me em paz!

Comentário póstumo: 2008. Esse poema foi escrito para ser traduzido para o francês - e de fato o foi, mas essa tradução foi perdida. Na verdade, não gosto muito dele. Acho enfadonho (se você, sim, especificamente você, me permitir o uso da palavra que é bem mais sua do que minha). Acho que a repetição desse poema repetitivo faz jus a data de hoje.

sábado, 7 de junho de 2014

26 de abril de 2008

A noite da Grande Queda no Abismo.

Comentário póstumo: a noite na qual me encontrei completamente sozinho. Provavelmente, foi o momento mais triste da minha vida.

Comentário póstumo II:
 
Eu não deixei nem uma carta de suicídio explicando o que havia acontecido...
 mesmo eles me pedindo
 
A mais profunda solidão parecia bem melhor que aquela podridão.
 
Eu vi o mar de lama em que havia me enterrado
 Então, eu dei as cotas e fui embora
Para sempre
 
Eu não deixei nem uma carta de suicídio explicando o que havia acontecido...