O Réquiem Tardio: escrito enquanto, ao soar da Dança das Facas, eu caminho para minha própria morte...

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

As Feridas e o Mar - OU - O Inverno da Era Siberiana - OU - "Tua riqueza é tua solidão"

Eu, que estou morto,
tenho como caixão os meus ossos
e como mortalha, a minha carne...

Eu sou aquele que vê
os vermes comerem meu corpo
e os mais mórbidos habitarem minhas entranhas...

Eu, que na ironia não-metafórica da vida,
senti o mar esfriar minhas feridas,
enquanto a chuva lavava-me a alma...

Eu, que sou a Dança das Facas, ouvi:
"Tua solidão é tua maior miséria!"
E ainda ouvi dos Ventos Gélidos:
"Tua riqueza é tua solidão"...

Sou eu quem espero o ressoar do Inverno
Finalizar o maior frio da Era Siberiana
Ao consumar os eternos acordes
de meu Réquiem Tardio...

Sou eu aquele que,
mais do que tudo,
para além de tudo,
e sobre tudo...

Sinto falta de mim mesmo!

Comentário prépóstumo: gostaria de chamar de Suicídio Simbólico. Eu tenho essa permissão, mas em partes. De qualquer forma, assim como não posso defini-lo muito bem, também não posso nomeá-lo. Fiquem a vontade para escolher um título.



domingo, 7 de dezembro de 2014

Eu sou a Dança das Facas

A verdade é que quando olhei para o meu abismo
eu esperava encontrar a minha salvação
Nunca esperei que dentro dele todas as paredes estivessem
repletas de podridão

Quando eu olhei a verdade dos meus sonhos
percebi o quão baixo eu tinha chegado
Quanto mais eu olhei para o abismo,
mais eu passei a sê-lo

Eu que sempre carreguei as Facas,
eu sempre as usei contra aqueles que me amaram
A Dança é violenta e assassina
E eu sou a Dança!

Comentário prépóstumo: anti-suicídio simbólico. E um dos mais macabros Escritos da Era Siberiana.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Mijando no cadáver da esperança!

Para minha própria desgraça
no final eu estarei lá
forte e vivo como sempre fui
Mijando no cadáver da esperança!

Comentário prépróstumo: Se eu estivesse nos Dias de Glória, essa última frase seria um dos troféus. Agora que se anuncia o Inverno da Era Siberiana, ela se torna um de seus Ventos. A vida é tão irônica que o Inverno será no verão!
A alma torturada que eu me tornei
Mantém-me seguro e me deixa entorpecido
Porque neste sonho eu estou totalmente acordado
Aquela que eu amo eu abandonei
(Seether, Save Today)

Comentário prépóstumo: As palavras que eu disse mas que nunca foram minhas.

sábado, 22 de novembro de 2014

As suaves carícias dos Dedos da Morte

Às pessoas foi entregue a vida, a libido e o prazer.
A mim, coube a morte, a loucura e a solidão.
A elas, um Ouro que reluz.
A mim, um Ouro Negro.

As pessoas voam.
Mas eu aponto para o abismo.
Pois eu sou aquele à distancia de um passo.
A queda toca os meus pés com as 
suaves carícias dos Dedos da Morte.

Os mesmos dedos com os quais eu toco na face das pessoas.

Para bem, é o Ouro Negro que reluz...

Comentário prépóstumo: Suicídio simbólico.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Um misto das minhas palavras que não são minhas

"All I really want is something beautiful to say"
Tuas palavras entraram em minhas entranhas
Tu disse que através do que eu disse
Eu salvei a tua vida.

"Alguém se importa com as palavras?"
Elas só servem para salvar os outros
Mas eu não posso salvar a mim mesmo

"Não há o que se possa controlar na vida"
Conforme eu dancei na Dança das Facas
Eu preciso morrer, para que você possa viver.

Comentário prépóstumo: Suicídio Simbólico. O que está em aspas não fui eu que disse... ou foi?



Adendo: poucos minutos depois de eu escrever esse poema, recebi esse vídeo pelo facebook: https://www.facebook.com/video.php?v=599000193465549

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

(Pedante)

Os Ventos sopram,
a solidão se anuncia.
E eu desperto
do mergulho na fantasia.
(...)

Comentário prépóstumo: Suicídio simbólico. Que ideia é esse de rimar os versos? Além disso, não aprendi nada sobre a Dança das Facas?

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Fragmento de um sonho

Eis um relato: dada outras questões, uma vez que o contexto onírico não importa eu posso omiti-las (mais por preguiça do que por propósito), que eu segurava em minha mão a Liturgia das Horas. Diante de mim estava um deus, mas não o Deus de minha fé, mas um senhor terrível e tirânico que havia inundado o mundo. Olhando para mim, que tinha a intenção de destruí-lo, ele me desafiou: "Duvido você tirar três deusas daí!", se referindo ao livro de orações que estava em minha mão. Dentro do sonho eu pensei comigo mesmo: "Mas isso é impossível. Deus é único!". Mesmo assim, eu tentei cumprir o desafio e falhei quase que intencionalmente: busquei palavras que poderiam ser deusas no livro, mas não às encontrei, sabendo que não encontraria. 

Comentário prépóstumo: não, não vou lhes entregar o sentido desse sonho, mas logo relatarei outro e talvez possam tirar alguma conclusão. Esse sonho já tem algumas semanas... mas foi sonhado uma única vez.

sábado, 4 de outubro de 2014

Haikai


Profundas são as feridas 
que da Dança das Facas
decorreram
(...)

Cometário prépóstumo: Suicídio Simbólico. Eu sei que o haikai deve ter uma outra métrica silábica diferente da utilizada acima (5-7-5). Talvez eu melhore com o tempo.

domingo, 28 de setembro de 2014

Suicídio não simbólico

A morte, e não o amor, é a força mais poderosa do psiquismo.

Comentário prépóstumo: dessa vez, não fui que me matei! (sem #)

sábado, 27 de setembro de 2014

Não secaram totalmente Pelo som de alguns Pequenos pardais a cantar*

No ápice da Era Siberiana
devo lembrar que há Sol acima das núvens

Comentário prépóstumo: Suicídio Simbólico

Comentário prépóstumo II: um raio de otimismo nesse quarto escuro...

Comentário prépóstumo III: *Nunca mais tão viva


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Um Vento muito específico

Hoje soprou um dos ventos musicais
Enviado para celebrar minha vitória.
Um ápice da Era Siberiana
Um dos efeitos mais sublimes!

Comentário prépóstumo: hoje a cerveja é por minha conta!

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

domingo, 7 de setembro de 2014

Castelo de Cartas

Num relance, vi as coisas desabarem,
tudo que havia construído se desmantelou
num castelo de cartas
(...)

Comentário prépóstumo: Suicídio Simbólico

terça-feira, 2 de setembro de 2014

terça-feira, 5 de agosto de 2014

A Teoria das Eras

As Eras são princípios organizadores. Todas elas foram precedidas de um evento de grande importância. Os Days Before the Fall foram anunciados por um 'sim'. Antes dos Dias de Glória, foi necessário um dia de Limbo. A Era Siberiana foi me trazida por The Winter.

Todas as eras tiveram um sentido. Nos Days Before the Fall, passo a passo, andei em direção ao meu abismo pessoal. No dia de Limbo, eu me joguei de cabeça num grande Suicídio Simbólico. Dia após dia, os Dias de Glória foram altamente suicidas.

Na Era Siberiana não há suicídios simbólicos, porque agora tenho o Cordão de Isolamento, que me protege deles.

Meu caráter não é mais corroído.


Comentário prépóstumo: o Cordão de Isolamento não é uma barreira congelada.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ventos gelados

Observei à distância...
os dias que nunca viriam.
Lamentei profundamente...
os ventos da Era Siberiana
que sopraram por toda minha vida...

Comentário prépóstumo: Suicídio Simbólico

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Suicídio Simbólico II

Quando as pessoas se deparam com o suicídio, é compreensível que estejam esperando uma explicação trágica que explique o porque que aquela pessoa se matou. Isso não passa, porém, de uma visão romântica do suicídio. 

É verdade, entretanto, que o suicídio possui uma poética própria. Cada elemento da cena pode ser examinado e interpretado como uma peculiaridade artística. Essa, por sua vez, é muito mais terrível do que se pode imaginar, pois o suicídio não é o clímax de uma história de sofrimentos intermináveis. Nada mais errado do que isso.

O que está por trás do suicídio é a impossibilidade da pessoa de suportar o drama cotidiano. O mesmo drama que vivemos dia após dia. É triste, mas nada separa a vida do suicida da nossa própria vida. Talvez o posicionamento dos vivos, o qual falei no começo desse pequeno texto, seja apenas uma proteção que afasta do suicida de nós mesmos.

Apropriado


Referência: http://www.blogblux.com.br/2014/07/as-pessoas-sem-rosto-nas-fotos-de-chris.html... depois eu editei no Picasa 3

Três notas formam um acorde...

Café, cachimbo e suicídio.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Dança das Facas


Repita uma mentira
mil vezes
e ela se tornará verdade

A vida é uma dança de facas afiadas
De palavras cruéis
De amores não ditos

Dizer é a única coisa que podemos fazer
Não há outra fuga
Não há outro meio de se esconder da solidão

O silêncio mata
quando as palavras corroem
A vida acaba quando paramos de falar

Comentário póstumo: 22/12/13. Na minha memória, esse poema era dos Dias de Glória. Estou vendo que me enganei. De qualquer forma, ela está destoando com o réquiem tardio. Ah, ele tem adendo posterior não datado:

A vida é uma dança de palavras
e eu não sei dançar

domingo, 6 de julho de 2014

Existir II

"Proponho um brinde a você.
Sem sua ausência, nada disso seria possível."

Comentário prépóstumo: esse ditado é um dos grandes troféus dos Dias de Glória.

sábado, 21 de junho de 2014

A Era Siberiana

"Não esqueça nunca o conselho de Goethe: “O talento se aprimora na solidão, o caráter na agitação do mundo". " Goethe, citado por Olavo de Carvalho.

Sugestão de leitura: ouça essa belíssima obra enquanto lê.


 É chegada a hora da mudança dos tempos. Os Dias de Glória, ao menos é o que mostram todos os sinais (sinais que partem de mim para mim mesmo), finalmente chegaram ao fim. Os Dias de Glória, precedidos pelos Days Before The Fall, foi um tempo de mergulho profundo em mim mesmo, de grandes vitórias pessoais e mergulhos dolorosos no abismo da minha mente. Foram dias em que fortes batalhas foram travadas, dias de escolher as palavras para não ser esmagado pelo mundo, dias de quedas abruptas que nunca poderiam me destruir, mas mesmo assim o fizeram em outros tempos (O tempo é fluído aqui!). Foi o tempo e oportunidade do Grande Suicídio Simbólico, também precedido por centenas de pequenos suicídios cotidianos.

Os Dias de Glória só poderiam chegar ao fim porque nada de bom mais poderia sair deles e de seu modus operandi. Não importa o quão poéticas foram suas conquistas e o quanto profundas eram as feridas, constantemente lambidas na escuridão. As glórias e as chagas desses Dias pertencem à uma temporalidade específica, e permanecer nelas seria anacrônico - ou seja, o equivalente histórico para a esquizofrenia. Os Dias de Glória não pertencem mais a esse tempo.

Tudo que aconteceu nesses dias foi relatado por mim, mais de uma vez, para mais de uma pessoa. Todas elas, ou melhor, todos que vocês são leitores desse blog (e só o conhecem porque são íntimos meus o suficiente para que eu o compartilhe), meu réquiem atrasado e meu túmulo novo, ouviram os relatos, tanto dos Dias de Glória, quanto dos relatos que o precederam, mas o ouviram (e viveram) de forma parcial e fragmentada. Por isso, ninguém entenderá o que foram os Dias de Glória para mim e, consequentemente, o sentido do que escrevo aqui.

Como as cartas de suicídio, o External Beholder é meu testamento psíquico. Ele observa a mudança dos tempos, dos meus tempos. Por isso é justo celebrar a mudança aqui.

Não poderia ser diferente, e me retratarei caso as coisas se revelem contrárias. Para mim, os sinais estão claros. Minha vida entrou na Era Siberiana.

Eu falei dela para alguns. E para alguém eu já havia nomeado esses dias que se seguirão. Mas é verdade que para mim, e apenas para mim, faz sentido nomear os dias que se seguem.

Essa Era deve se tornar gelada, como nos insinua seu nome. Um tempo solitário - sempre, uma solidão tão simbólica como meus suicídios de cada dia - em que, como Goethe aconselha, deve servir para construir aquilo que me resta de meus talentos. É uma solidão verdadeiramente íntima. Assim como os Dias de Glória, a Era Siberiana foi marcada por um dia de um importante Suicídio Simbólico, o qual muitos viram e ninguém provavelmente teve ideia que era disso que se tratava.

A Era Siberiana deve ser uma época de silêncio contemplativo. Um tempo místico, certamente, e sobretudo, um tempo eremítico. Uma época - como acredito que coincidência é do Deus dos tolos - em livros importantes serão livros (cumprindo uma promessa) e, consequentemente, textos marcantes serão escritos. Se tudo correr como as coisas se anunciam, será um tempo artístico, tão prolixo e fecundo como o Ano Sombrio de 2008 e, espero, muito mais virtuoso.

Agora, que os ventos solitários soprem e o silêncio musical, orquestral até, impere sobre a  gelada Era Siberiana.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Um aviso de ordem prática:

Ignorem, caros leitores, os post de 2010. Eles não pertencem mais a esse tempo. Estão expostos aqui como peças num museu, tombados como patrimônio histórico.
Esse blog é - provavelmente, não-permanentemente - sobre 2008.

sábado, 14 de junho de 2014

Suicídio Simbólico I

"O suicídio levou muitos. A bebida e o demônio cuidaram dos demais."

Fonte: Waking Life, uma animação de 2001 indicada por uma amiga.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Fantasmas de meu passado

Fantasmas do meu passado
Ainda atormentais minha
assombrada alma?
O que faço para
deixares minha mente?
Deixem-me em paz!

Fantasmas do meu passado
Sepulto-os  em cova profunda, fria e escura
Por que teimais em
retornar-me à escuridão?
Deixem-me em paz!

Fantasmas do meu passado
Roubais meu sono
Apareceis em todos os
meus olhares.
Ides embora!

Fantasmas do meu passado
Ainda estais aqui?
Nada liga-me à voz
Queimei tudo o que nos unia
Deixem-me em paz!

Comentário póstumo: 2008. Esse poema foi escrito para ser traduzido para o francês - e de fato o foi, mas essa tradução foi perdida. Na verdade, não gosto muito dele. Acho enfadonho (se você, sim, especificamente você, me permitir o uso da palavra que é bem mais sua do que minha). Acho que a repetição desse poema repetitivo faz jus a data de hoje.

sábado, 7 de junho de 2014

26 de abril de 2008

A noite da Grande Queda no Abismo.

Comentário póstumo: a noite na qual me encontrei completamente sozinho. Provavelmente, foi o momento mais triste da minha vida.

Comentário póstumo II:
 
Eu não deixei nem uma carta de suicídio explicando o que havia acontecido...
 mesmo eles me pedindo
 
A mais profunda solidão parecia bem melhor que aquela podridão.
 
Eu vi o mar de lama em que havia me enterrado
 Então, eu dei as cotas e fui embora
Para sempre
 
Eu não deixei nem uma carta de suicídio explicando o que havia acontecido...

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Escritos do Grande Outro - pt. 1

É preciso conduzir a análise (Nasio) e a análise conduz ao pior (Lacan).

Mais uma linha para meu epitáfio:

"Não apenas não consegui tornar-me cruel, como também não consegui me tornar nada: nem mau, nem bom, nem canalha, nem homem honrado, nem herói, nem inseto. Agora vivo no meu canto, provocando a mim mesmo com a desculpa rancorosa e inútil de que o homem inteligente não pode seriamente se tornar nada, apenas o tolo o faz." (Notas do Subsolo, Dostoiévski).


quarta-feira, 21 de maio de 2014

Não existir


Sei que sinto algo
Sei que não te amo
Sei que o que sinto
não é uma paixão alucinada
Depois que aconteceu
jamais sentirei de novo

Sei que não me amas
Sei que lembra de mim às vezes
Sei também que você
não me deve sentimentos
E sei como isso me dói

Sei que não sou nada
Sei que sou uma lenda
Sei que não existo
E que também não podia ser
de outra forma

Sei que a vida nos juntou
mas sei que de forma frágil
Um gesto e nunca mais nos falaríamos
e não faria diferença nenhuma

Nós não vivemos na vida do outro
nós não existimos
somos fantasmas
que fazem-nos escrever a noite

Mais que tudo, você é minha solidão
pois, pelo tempo que você não existir
estarei sozinho.
E bem no fundo, talvez só você
me faria chorar de novo...

Mas sei que a vida continua
e com certeza ela continuará
Me perder não significa nada
pois nada sou
E és para mim só a solidão...

Comentário póstumo: data também de 2008. Esse é uma materialização de um dos grandes Suicídios Simbólicos da minha vida.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Justamente...


...você, que tantas coisas teve para dizer,
Justamente nesse momento ficou calado,
(que é o maior de todos os momentos)
Justamente porque tudo já fora dito.

Comentário prépóstumo: esse poema data de 2014, e 2008, e 2006, e 2000.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Minha Culpa

Minha culpa

Cada estrassalho ao chão
aponta e proclama:
É minha culpa!

Toda bondade incondicional
daqueles que minha culpa fez sofrer
não é justo e proclama:
É minha culpa!

Mesmo que nenhum ferimento exista
meu coração sangrando proclama:
É minha culpa!

Perdõem-me...

Comentário póstumo: esse é o primeiro poema que escrevo do caderninho de 2008, mas não é o primeiro do caderno. Optei por manter os erros ortográficos, porque são parte do poema original.

Achei um caderninho...

... com poemas escritos em 2008!!! Foi um ano mórbido!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Complementação dos poemas


Só um garoto ruim



Só um garoto ruim
Luiz Ricardo Pauluk


Eu me sinto como um garoto
um garoto sombrio com seu guarda-chuva
Entre quatro das minhas próprias paredes
cheias de portas mal fechadas

Eu me sinto como um garoto mau
Olhando com maldade para você
Sem muito sentido no que faço
Muito menos como me visto

Na minha mão direita
Um pequeno cão triste
Embaixo do mesmo guarda-chuva
Sob o mesmo teto

Obviamente, para você,
só um garoto ruim
não tem muito sentido
Mesmo naquelas roupas pretas

"É só um garoto ruim!"
alguns diriam

Mas... olhe bem!

As vezes
Um olhar de maldade
Só reflete o que vê

Comentário póstumo: 01/12/08. Gosto muito desse. Até agora estou ofendido com o Fabaum por não ter gostado do final.

[sem nome]



Você pode sentir o sangue do pai gritando?
Você pode ouvir o filho não-chorando?
Você pode ver aquele beijando ninguém só a si mesmo?

Pode sentir o golpe cair e as almas subirem e chegarem ao inferno?

Existe a chance de ser diferente
se o profundo não fosse negro
Nadar contra a tempestade
não seria tão inútil

Pode sentir o golpe cair e as almas subirem e chegarem ao inferno?

Sente-se parte disso?
Sente o inferno ser lar
Um lar sem escape
Só culpa e sangue

Pode sentir o golpe cair e as almas subirem e chegarem ao inferno?
Sem escape...

Comentário póstumo: esse data de 07 de outubro de 2008.

Um não-renascer



Um não-renascer

Meus olhos simplesmente
não fecharam
naquela noite

Era fácil ver você
E sentir minha presença
Próxima a você

Você ali, sem eu poder te tocar
Com medo de te tocar
E com medo de você me tocar

Eu realmente te temo
E te temo porque te amo
E não te amo
Porque te temo

Não é fácil chegar a um final
Mesmo porque nunca terminará
E não verei meu coração gerar cinzas
E não-renascer para a escuridão

Comentário póstumo: 13/09/08